Comitê EVESCA Porto Alegre - Gestão 2012/2013

quarta-feira, 23 de maio de 2012



 Rio grande, quarta-feira, 23 de maio de 2012, 11:02h

Abuso Sexual Infantil: 

denunciar é obrigação de todos


Maria Theresa Bittencourt Pavão*
Maria Inês Pavani**

Há pouco mais de 10 anos, criava-se o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data, reservada todo 18 de maio, busca lançar o assunto e mobilizar a sociedade a fim de combater o mal que acomete um número infinitamente superior aos casos efetivamente registrados. Portanto, embora tabu, o assunto requer atenção e compromisso por parte de todos, pois somente assim será possível assumirmos a responsabilidade por nossas crianças, garantindo-lhes um futuro isento de más lembranças e traumas.
Na maioria das vezes, o abuso ocorre no contexto de uma relação afetiva entre o autor (geralmente o pai) e sua vítima (geralmente a filha). Ainda que os pais eduquem seus filhos orientando-os a desconfiar de estranhos, a prática do abuso é certamente realizada por alguém que a criança conhece, confia e ama e, essa relação, cercada de segredos, facilita o domínio perverso sobre a criança.
O abuso sexual, comumente, não deixa marcas físicas, já que o abusador age sem violência, usando de sedução e ameaça, o que faz com que a vítima tenha medo da revelação e suporte a violência. Esse segredo tem como função manter a união familiar e proteger essa família do julgamento da sociedade, acarretando uma grande confusão em relação aos papéis parentais - o pai deixa de desempenhar o papel de protetor e de representante da lei, e a mãe, por sua omissão, também deixa de cumprir sua responsabilidade de proteção.
Essa situação é muito mais comum do que se possa imaginar. O abuso sexual afeta 15% dos 65 milhões de menores de 18 anos no Brasil. Estamos falando de cerca de 10 milhões de crianças e adolescentes que sofrem o abuso. Desse total, 6,5 milhões das agressões são contra meninas, sendo que cerca de 300 mil delas são vítimas de incesto pai-filha todos os anos e mais de 100 mil tentam o suicídio em decorrência desse fato. Mas o que chama a atenção é um estudo financiado pela Organização Panamericana da Saúde (1994), em que mostra que somente 2% dos casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes dentro da família são denunciados à polícia.
O Abuso Sexual Infantil precisa ser discutido e denunciado. Todos os adultos são responsáveis pela denúncia desse crime que acomete tantas crianças e adolescentes, já que não fazê-lo incorre em crime de omissão. Por isso, se desconfiar ou souber de algum caso disque 100 ou procure o Conselho Tutelar mais próximo.
A Organização Amiga das Vítimas de Violência Sexual Infantil (Oavisi) mantém o site www.oavisi.com.br com informações sobre o assunto.
Nosso silêncio é a maior violência contra a criança.

*Psicanalista, mestre em Saúde Coletiva da Unifesp e psicóloga da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
**Diretora da Organização Amiga das Vítimas de Violência Sexual Infantil (Oavisi). Contato: (11) 2936.9919,
imprensa@saudeempautaonline.com.br ou
www.saudeempautaonline.com.br.
www.jornalagora.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário