Denúncias de abusos demoram anos por omissão de familiares | |
Publicado Sábado, 21 de Julho de 2012, às 08:31 | do R7 | |
No
fim do mês de junho deste ano, a polícia prendeu um homem suspeito de
estuprar a própria filha de oito anos na frente da mulher. O caso, que
deixou os moradores do Distrito Federal chocados, chega a ser comum nas
denúncias que chegam até a DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e
Adolescente).
De acordo com a delegada-chefe da DPCA, Valéria Raquel Martirena,
80% dos casos de violência sexual contra criança acontecem dentro de
casa, entre familiares.
Os abusos começam normalmente cedo e duram muitos anos, explica a
delegada. Podem ocorrer entre pai e filhos, padrasto, irmãos e mesmo
tios e outros parentes que não morem na residência.
— A grande maioria dos casos é dentro da própria família da vítima,
o que dificulta uma denúncia. A mãe, que normalmente é omissa, não
denuncia e acaba acobertando o agressor.
A especialista em violência sexual infantil, psicóloga e mestre
pela UnB (Universidade de Brasília) Sônia Prado diz que a mãe e outros
familiares normalmente são coniventes por não tentar enfrentar a
violência.
— Dentro da família, normalmente, há um complô do silêncio. E isso
ocorre em casos de violência do pai, padrasto, irmão, primo, tio, seja
quem for. Os familiares não falam nada porque não estão vendo ou
simplesmente porque não querem ver aquilo que é tão doloroso de
enfrentar. E a criança, vítima daquela agressão, acaba sempre achando
que "deu mole" ou criou aquela situação sem perceber.
Em casos de violência dentro de casa, a vítima acaba pedindo
socorro a alguém de confiança fora da família. São mais comuns os casos
em que a criança ou adolescente procura alguém na escola, uma vizinha ou
uma madrinha, por exemplo.
Essas pessoas, segundo a delegada, não devem procurar a família
para conversar sobre o assunto. Devem, sim, recorrer aos conselhos
tutelares, delegacias de proteção à criança ou mesmo instituições que
possam ajudá-la a fazer a denúncia.
Problema social
Além de ser um crime comum dentro da família, a violência sexual
contra crianças e adolescentes é mais denunciada em bairros de
periferia. A Polícia Civil informa que investiga mais casos em famílias
mais pobres.
A maioria dos casos do DF não ocorre no Plano Piloto, na área
central de Brasília, mas nas outras cidades do Distrito Federal.
Ceilândia, por exemplo, é recordista em número de denúncias — 48 só este
ano, uma média de oito por mês e o dobro das denúncias no mesmo período
do ano passado.
A delegada Valéria Martirena explica que casos de violência sexual seguem os índices de violência por região.
— Cidades que são mais violentas têm mais casos. No entanto, as
maiores denúncias são sim nas regiões mais pobres. Não que a classe
média e alta não tenha casos de violência, mas por uma questão social,
de preservar a imagem da família mesmo, elas preferem procurar outro
tipo de ajuda, como de psicólogos e médicos, por exemplo, antes de
recorrer à polícia.
Mas, mesmo nos bairros mais nobres, as denúncias têm crescido, de
acordo com os dados da polícia. Entre janeiro e maio de 2011, por
exemplo, Brasília teve duas denúncias de violência sexual contra
crianças. Este ano, no mesmo período, foram 25 denúncias.
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O Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes foi instituído pelo DECRETO Nº 16.912, em 06/01/2011, tem a finalidade de monitorar, avaliar e implementar o Plano Municipal EVESCA, na cidade de Porto Alegre, é composto pelos representantes das secretarias do município, de representantes da sociedade civil, de instituições e organizações que atuam na prevenção à violência contra crianças e adolescentes.
Comitê EVESCA Porto Alegre - Gestão 2012/2013
segunda-feira, 23 de julho de 2012
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