Comitê EVESCA Porto Alegre - Gestão 2012/2013

terça-feira, 9 de abril de 2013

PUBLICADO EM 07 DE ABRIL DE 2013   |   FONTE: ROBERTO NUNES

Casos de abuso sexual em alta na cidade

Os agressores, geralmente,  são pais, padrastos e também vizinhos. As vítimas são meninas e meninos
Os agressores, geralmente, são pais, padrastos e também vizinhos. As vítimas são meninas e meninos
Maria da Glória Menezes, conselheira tutelar da região central e coordenadora do Polo Regional do Conselho Tutelar
Maria da Glória Menezes, conselheira tutelar da região central e coordenadora do Polo Regional do Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar e a Delegacia da Criança e Adolescente (Dedica) estimam que os casos de abuso sexual contra   crianças   e pré-adolescentes vem aumentando em Rondonópolis. Segundo os números da Polícia Civil, em 2011, foram registradas 144 ocorrências e, em 2012, o total de 166 ocorrências. O Conselho Tutelar da Região I registra de duas a três denúncias por semana, já o da região da Grande Vila Operária, de quatro a seis denúncias por semana. Em Rondonópolis,  não existe uma contagem unificada dos três  órgãos.
De acordo com a conselheira tutelar da região central, Maria da Glória Menezes, que também é coordenadora do Pólo Regional do Conselho Tutelar, apesar de ainda não existir um cadastro único das ocorrências, ela tem percebido o aumento de casos e também de denúncias de abusos.
“Temos recebido denúncias de abusos sexual de crianças e adolescentes por representantes das escolas e vizinhos das vítimas. Após as denúncias, nós apuramos e encaminhamos a família com a criança à  Delegacia Especializada. Lá é registrado um Boletim de Ocorrência (BO) e a criança passa por exame de corpo delito. Constatado o abuso, o Conselho encaminha a criança para acompanhamento psicológico no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Os agressores, geralmente,  são pais, padrastos e também vizinhos. As vítimas são meninas e meninos”, disse a conselheira.
Maria da Glória explica que existem muitos casos de crianças que estão sofrendo violência, mas permanecem em silêncio devido as ameaças que são feitas pelos agressores.  “O problema está crescente em Rondonópolis e na região. Não há uma explicação para o aumento dos casos. Porém, na atualidade, houve a necessidade de trabalho de todos os membros da família. Pai e mãe saem para trabalhar e a criança fica sozinha em situação vulnerável. Às vezes, fica com padrasto ou o padrasto chega mais cedo que a mãe do trabalho e acaba abusando da criança, por exemplo”, disse a conselheira.
Conforme Maria da Glória, a prevenção contra o abuso é a conscientização da população. “As famílias tem que saber que pode acontecer um abuso em qualquer lar. Principalmente as mães devem estar sempre observando o comportamento das crianças. Nas escolas, professores, principalmente, também devem estar atentos e na dúvida denunciar”, recomenda a conselheira.
Para  a delegada Divina Aparecida Vieira Martins da Silva, responsável pela Delegacia Especializada de Defesa Mulher, Criança, Adolescente e Idoso, a maioria dos casos de abusos contra crianças tem como suspeitos os parentes de babás, padrastos e vizinhos. “A mãe tem que estar sempre atenta ao comportamento do filho. Observar se ele está quieto ou agressivo, que são sinais de que algo não está certo. As vítimas hoje são meninos ou meninas e o problema atinge a todas as classes sociais”, disse a delegada.
PSICOLOGIA
A reportagem ouvia uma psicóloga e procurou saber dela como identificar se os filhos podem estar sendo vítimas de abuso e como evitar que isso ocorra.
Segundo a psicóloga da Delegacia Especializada da Criança, Ana Letícia Bonfanti Arbues, existem algumas mudanças que podem acontecer quando uma criança está sendo vítima de abuso sexual.  “Elas ficam retraídas, mais introspectivas, podem aparecer dificuldades escolares, antes inexistentes, dificuldade de se relacionar e até mesmo de brincar”, disse.
Porém, a profissional explica que esses comportamentos isolados não indicam totalmente que a criança foi ou está sendo abusada sexualmente. “O mais importante é que essa criança seja ouvida pelos adultos, sejam eles, pais, familiares, professores, etc. É fundamental que diante da revelação de abuso sexual infantil, a palavra da criança seja sustentada. Porque, o que se percebe, em muitos casos, é que a criança faz um grande esforço para romper o silêncio do abuso sexual e quando o faz, os adultos afirmam que ela está inventando ou fantasiando. Nesse sentido, a criança torna-se vítima duas vezes: do abuso sexual e da incredulidade dos adultos”, salienta Ana Letícia.

Cresce o número de meninos vítimas da violência sexual
Ronny Erik Marques, vice-coordenador do Conselho Tutelar da Região da Vila Operária: “para cada grupo de dez, são em média quatro meninos vítimas”
Ronny Erik Marques, vice-coordenador do Conselho Tutelar da Região da Vila Operária: “para cada grupo de dez, são em média quatro meninos vítimas”
O número de crianças e pré-adolescentes do sexo masculino vítima de abusos sexuais vem crescendo nos últimos dois anos. A informação é do vice coordenador do Conselho Tutelar da região da Vila Operária,  conselheiro Ronny Erik Marques.  “Há dois anos, a cada dez casos de abusos nove tinham como vítimas meninas e um menino. Agora para cada grupo de dez, são em média quatro meninos vítimas”, revela.
Ele explica que os principais acusados de crimes contra crianças e pré-adolescentes do sexo masculino são tios, irmãos e vizinhos. No caso de meninas, os principais abusadores são os padrastos.

Ione Rodrigues, coordenadora do Conselho Tutelar da Regiao Central - 06-04-13
Conselhos são carentes de investimentos em Rondonópolis

O Conselho Tutelar em Rondonópolis, tanto o central, como o da Grande Vila Operária, é carente de um sistema eletrônico para o cadastro das ocorrências, assim como necessidade de material de trabalho, infraestrutura e de servidores. A informação é da coordenadora do Conselho de Região Central, conselheira Ione Rodrigues.
“A falta de investimentos públicos nos impossibilita a instalação de um sistema informatizado para o cadastramento das ocorrências. Caso tivéssemos um sistema informatizado teríamos, com precisão, os números e as estatísticas de abusos contra crianças na cidade”, disse a conselheira.
Ela explica que para as entidades possuírem um sistema informatizado, são necessários recursos financeiros para compra de Softwares e equipamentos de informática. “Hoje, o Conselho Tutelar sofre com a falta de material de escritório e servidores, como falta de mais motoristas e de uma equipe formada por profissionais como psicólogo e assistente social. O poder público tem que olhar com mais importância para os Conselhos Tutelares da cidade. Hoje, apenas cinco conselheiras cobrem a  região I que é  a central com população de mais de 100   mil  habitantes e o da região II, da Vila Operária o restante da população”, externa a conselheira.

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